Posted by : Charlie S. Dias
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
E depois vem a noite
Quando o silêncio mais te encarna
Agora na escuridão de breu, assomas reluzente e de asas desdobradas.
O meu anjo impermisto, de chifres e forquilhas capeadas.
Eu e tu vemos as estrelas de modos diferentes.
A mim queima-me o sol que sinto a olho cru e nu,
A ti definham-se os raios pelo abrigo das tuas lentes.
A minha alma chora e desilude a si própria só de imaginar,
Que a incipiente esperança que outrora tomou o coração pleno,
Possa afinal ser mutável a poderosa dose de veneno.
O tempo abranda o luto pelo passado.
Não cura tudo, como se diz.
O distanciamento repudiado, que se quer
aliado,
Ameaça-me que posso viver sem ti, apenas nunca serei feliz.
Num dia otimista regressarei?
De gládio terso e de coração menos faminto?
De consciência que também fraquejei,
Mas jamais de fogo e culto extinto.
Restará descobrir o que ontem e hoje indago:
Se realmente me acolhes de ego completo.
Se a tua visão de amizade também contempla cuidado e afago.
Se saberei voltar a alimentar-te como meu sagrado afeto.
Charlie S. Dias