Posted by : Charlie S. Dias quarta-feira, 19 de julho de 2023

 


Assisto ao festival da Eurovisão desde 2006, ainda que nem sempre da forma mais atenta ou assídua, sobretudo nos meus primeiros anos de espetador. Muitas canções, interpretações, cenários ou até guarda-roupas permanecem na nossa memória. Outras vezes, misturam-se, adulteram-se, desvanecem ou desaparecem mesmo por completo. Ao longo de anos de acompanhamento, vão-se estabelecendo na nossa mente padrões e opiniões gerais acerca de cada país participante, de forma mais ou menos correta. Nesta rubrica irei recuar no tempo, às participações de vários países na Eurovisão, desde 2006, destacando as minhas principais recordações e preferências ao longo desta retrospeção. No final, poderei comparar a ideia pré-estabelecida que tinha das edições passadas com as conclusões que retirei desta minha viagem do passado ao presente.


*Artigo redigido antes da edição de 2023





Estónia na Eurovisão... Um país com as suas presenças, mas sem grande tradição desde que assisto ao evento. Com algumas participações em finais, associaria as atuações da Estónia tipicamente em cenários escuros e cantores a solo, apresentando maioritariamente baladas ou vertentes de canto lírico. Visualizando os recantos da minha memória, a bandeira da Estónia surge como presença habitual na segunda metade das tabelas em finais.



2006

Sandra - "Through My Window" – Não se qualificou para a final


2007

Gerli Padar - "Partners In Crime" – Não se qualificou para a final


2008

Kreisiraadio - "Leto Svet" -  Não se qualificou para a final


2009

Urban Symphony - "Rändajad" – 6º lugar


A primeira atuação da Estónia que pode eventualmente ter moldado o meu imaginário acerca deste país na Eurovisão: Um boa canção, com uma melodia instrumental muito peculiar e interessante, num cenário em tons azuis escuros e onde o grande destaque é a intérprete emitindo a sua voz digna de ópera e o som do seu violino. No refrão, é acompanhada por um agradável cordo feminino.




2010

Malcolm Lincoln - "Siren" – Não se qualificou para a final


De novo, um cantor a solo imerso num cenário escuro, predominantemente azul ou preto, ao qual se junta um coro e pianistas em plano de fundo.


2011

Getter Jaani - "Rockefeller Street" – 24º lugar


Esta canção dance-pop, de refrão muito festivaleiro, oferece também uma coreografia e até cenários incomuns e arrojados. Infelizmente, apesar da minha reconhecida ignorância na matéria, arrisco dizer que a interpretação vocal parece ficar aquém.


2012

Ott Lepland - "Kuula" – 6º lugar


"Sei como é, um cantor a solo, um pouco lírico até, em cenário escuro que reflete a dor, de um triste solitário que queria mais, mais amor...". Mesmo sem perceber estónio, acredito que esta minha primeira frase em jeito de Madalena Iglésias se enquadrará bem para descrever esta atuação. 

Relembro-me vagamente do recap desta canção, pela forma peculiar como o cantor gritava “kuulaaaaaa” no refrão, apesar de não me ter cativado particularmente.


2013

Birgit - "Et Uus Saaks Alguse" – Não se qualificou para a final


Mais uma intérprete isolada na frente do palco, exibindo uma panóplia de agudos que domina, num cenário que começa escuro e algo melancólico, em contraste com o seu vestido branco.


2014

Tanja - "Amazing" – Não se qualificou para a final


Um dance-pop agradável para dançar.


2015

Elina Born & Stig Rästa - "Goodbye to Yesterday" – 7º lugar


Rever esta atuação, sem dúvida que me avivou a memória em relação à participação da Estónia em 2015. A um cenário negro inicial e um cantor masculino a sós com a sua guitarra, junta-se depois uma extraordinária voz feminina para se formar um belo dueto. Uma boa canção, calma e agradável ao ouvido.




2016

Jüri Pootsmann - "Play" – Não se qualificou para a final


2017

Koit Toome & Laura - "Verona" – Não se qualificou para a final


Além das particularidades já bastante repetidas acerca das atuações da Estónia, que se verificam também aqui na fase inicial, parece também começar a constituir-se um pequeno padrão para a preferência por longos vestidos brancos de contraste em atuações femininas. A canção evolui para um vertendo mais pop quando surge um elemento masculino para formarem um dueto.


2018

Elina Nechayeva - "La Forza" – 8º lugar


Na atuação de 2018, a cantora a solo aposta num vestido longo e exuberante que se confunde com os efeitos aplicados no piso, enquanto canta ópera num cenário escuro, como não poderia deixar de ser. Ao rever a atuação, relembro a sonoridade instrumental peculiar e muito poderosa, que se complementa muito bem com o exímio canto agudo de Elina Nechayeva.




2019

Victor Crone - "Storm" – 20º lugar


Mais um cantor a solo segurando a sua guitarra num ambiente calmo e intimista, mas que acaba por culminar num refrão pop interessante e mexido.


2020
Uku Suviste - "What Love Is" – Eurovisão foi cancelada devido à Covid-19.

2021 
Uku Suviste - "The Lucky One" – Não se qualificou para a final

2022
Stefan - "Hope" 13º lugar


Foi uma das boas surpresas desta edição da Eurovisão. Bem ao estilo country texano, é uma música diferente do que costuma ser apresentado em competição, que fica facilmente no ouvido e que dá vontade de bater o pé. Além de ser vocalmente bem interpretada. 





Após esta pequena revisão das presenças da Estónia desde que assisto à Eurovisão, posso concluir que este pequeno país báltico privilegia de facto atuações simples com intérpretes a solo ou em dueto misto, sem grandes coreografias, artefatos e exuberâncias. O mesmo se aplica a todo o cenário, que normalmente aplica tons escuros e melancólicos, recorrendo-se também a luzes simples para complementar as atuações, apesar de muitas vezes existir uma transformação no refrão.

Em relação aos instrumentos e estilos musicais adotados, diria que os estónios também escolhem preferencialmente a simplicidade e a autenticidade da voz, por vezes também com uma atração especial por guitarras, violas ou até violinos para acompanhar. No entanto, devo reconhecer que a ideia de que traziam frequentemente baladas foi completamente posta de lado depois desta viagem ao passado. Em vez disso, se tivesse de escolher uma particularidade, diria que recorrem essencialmente a cantos mais em estilo de ópera, com grande exigência vocal e em plano agudo. Estilos variados, mas quase sempre calmos e sem grandes exuberâncias, mais uma vez.

Não tendo de facto muita tradição, inclusivamente com vários anos sem alcançar a final, apresentaram algumas canções agradáveis, mesmo que não tenha havido nenhuma atuação da Estónia particularmente marcante para mim.

A atuação de que melhor me recordo, até por ser a última, é a de 2022, e é possivelmente a minha preferida de todas estas canções revisitadas.





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